Gratidão para os dias de ingratidão

Trechos do diário de um cachorro:

8:00 Oba, ração — gosto muito disso.

9:30 Oba, um passeio de carro — gosto muito disso.

9:40 Oba, uma caminhada — gosto muito disso.

10:30 Oba, outro passeio de carro — gosto muito disso.

11:30 Oba, mais ração — gosto muito disso.

12:00 Oba, as crianças — gosto muito disso.

13:00 Oba, o quintal — gosto muito disso.

16:00 Oba, as crianças novamente — gosto muito disso.

17:00 Oba, ração de novo — gosto muito disso.

17:30 Oba, Mamãe — gosto muito disso.

18:00 Oba, apanhar a bola — gosto muito disso.

20:30 Oba, dormir na cama quentinha do meu dono — gosto muito disso.

Trechos do diário de um gato:

Dia 283 no cativeiro. Meus seqüestradores insistem em zombar de mim balançando uns objetos pequenos e estranhos. Enquanto eles comem carne fresca, sou forçado a comer cereais secos. Só agüento isso por causa da esperança de escapar e da leve satisfação que tenho ao destruir alguns móveis. Amanhã, pro­vavelmente, comerei outra planta da casa. Planejei matar meus seqüestradores de manhã ao me enroscar por entre os pés deles enquanto andavam. Quase consegui. Talvez eu deva tentar isso no topo da escada. Em uma tentativa de enojar e de causar repulsa nesses vis opressores, induzi, novamente, vômito na cadeira favo­rita deles. Acho que devo tentar isso na cama deles. Para mostrar minha índole diabólica, decapitei um camundongo e coloquei o corpo, sem cabeça, no chão da cozinha. Eles só bateram palmas e me incentivaram, acariciando minha cabeça e chamando-me de "gatinho valente". Hum — isso não estava de acordo com o pla­no. Durante uma reunião com seus cúmplices, eles me confina­ram em uma solitária. Consegui ouvir que fora preso por causa do meu poder de causar alergias. Devo aprender o que isso quer dizer e usar essa arma a meu favor.

Estou convencido de que os outros cativos da casa estão com eles, talvez sejam informantes. O cachorro, muitas vezes, é solto e parece ingenuamente feliz quando volta. Ele, com certeza, não é muito inteligente. O pássaro fala com regularidade com os huma­nos e aposto que é um informante. Estou certo de que ele relata cada minuto da minha vida para eles. Por causa do seu atual confinamento em uma gaiola de metal, sua segurança está garantida, mas eu posso esperar. E só uma questão de tempo.

O dia de um cachorro. O dia de um gato. Um feliz, o outro apenas aturando. Um na paz, outro em guerra. Um agradecido, o outro rabugento. A mesma casa. As mesmas circunstâncias. O mes­mo dono. Ainda assim duas atitudes completamente diferentes.

Qual diário se parece mais com o seu? Se os seus pensamen­tos mais íntimos fossem expostos, com que freqüência as palavras: "Oba, gosto muito disso", apareceriam ali?

"Oba, o sol nascendo — gosto muito disso." "Oba, café da manhã — gosto muito disso." "Oba, engarrafamento — gosto muito disso." "Oba, aspirar a casa — gosto muito disso." "Oba, tratamento de canal — gosto muito disso."

Bem, nem mesmo um cachorro apreciaria um tratamento de canal. Mas não gostaríamos de apreciar mais nosso dia? E pode­mos fazer isso. Comece com a graça de Deus. Quando aceitamos o perdão do Senhor, nosso dia de mau-humor e de lamentações se torna um dia de gratidão.

C.Z.


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