Sem atalhos para boas ideias

EM ÚLTIMA instância, parece que a ideia popular do cristianismo é simplesmente essa: que Jesus Cristo não passou de um grande mestre da moral e que, se seguíssemos os seus conselhos, estaríamos em condições de estabelecer uma melhor ordem social e evitar outra guerra. Isso é bem verdadeiro, mas está longe de contar toda a verdade acerca do cristianismo e não tem a mínima importância prática.

É verdade que, se seguíssemos os ensinamentos de Cristo, estaríamos vivendo num mundo melhor. Você nem sequer precisa chegar a Cristo. Se todos nós tivéssemos feito o que Platão, Aristóteles ou Confúcio nos ensinaram, teríamos avançado de forma um pouco menos desastrosa. Mas, e daí? Nós nunca seguimos o conselho dos grandes mestres mesmo! Por que deveríamos começar agora? Por que seria mais provável seguir a Cristo do que a qualquer um dos outros? Seria por ele ser o maior mestre de todos? Na verdade, isso torna ainda menos provável sermos capazes de segui-lo. Se não aprendemos as lições elementares, seria possível encarar as mais avançadas? Se o cristianismo não significa mais do que um conjunto de bons conselhos, então ele não tem importância alguma. Não estamos sofrendo de falta de bons conselhos nos últimos quatro mil anos. Um pouco mais não faz diferença alguma.


– de Mere Christianity [Cristianismo Puro e Simples]
1908 Flora, mãe de Lewis, é submetida a uma cirurgia para a retirada de um câncer.

Retirada de Um Ano com C. S. Lewis

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